segunda-feira, 26 de janeiro de 2015

FÉRIAS

Sinto-me impaciente confinada neste avião. uma súbita onda de calor me alcança. É como se tivessem ateado fogo ao meu pescoço. Maldita menopausa. Do meu lado uma moça dorme e a invejo, pois não consegui dormir um minuto sequer no decorrer da noite.

Cheguei aquele estágio em que o tempo de voo, mesmo curto, é um suplício. Gostaria de operar a mágica de fechar os olhos e abri-los no segundo seguinte no destino da viagem.

Helvécio lê, vasculha o celular. Parece alheio a minha presença. Nem tenho vontade de puxar assunto. Estou sem repertório. Não preparei uma pauta.

Os pés estão inchados, tenho fome, mas não de comida de avião. Penso em filé com fritas. E penso no Guilherme.

A ausência de notícias  é angustiante. Sei que ele está bem, que nem de longe imagina que eu sofro como se tivessem me tirado uma criança de colo. Eu queria que ele ainda fosse um menino. Reconheço: não tanto por ele, mas por mim,  pois assim ainda seria jovem, cheia de vitalidade e estaria sonhando com a vida, que na realidade, desafortunadamente não vivi.

O avião começa a descida. Dentro de instantes estaremos em Guarulhos para aguardar a conexão.. Ah! Guarulhos... Que bela travessura vivi nesse lugar em que vidas fazem pontes para infinitos destinos.

Sei que tem uma cidade bonita me esperando, com promessas de mar e sol. Mas agora meu desejo era apenas deitar no conforto da minha cama e dormir. Definitivamente perdi o viço, as expectativas.

As férias começam assim: melancólicas.