quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Ter ou não ter?


Toda semana recebo um convite para visitar o blog de alguém. Não ter um diário virtual é como não ter celular. É sentir-se "out" ou não ser "in". Todos podem ter seus minutos de fama, nem que seja para sua sobrinha, seu melhor amigo, ou para alimentar a curiosidade daqueles que cismam que há alguma coisa guardadas no seu baú.

Doravante, portanto, tenho um blog. Ou um projeto vago de um.

Muito tempo atrás eu era elogiada por escrever bem. Ocorre que, muito tempo atrás eu também gostava muito de falar e hoje não estou certa de que minhas palavras possam ser referência para alguém.

Escrever tornou-se um desafio. Eu não tenho a mesma habilidade que minha adorada sobrinha Viviane, que é capaz de usar as palavras para falar de forma leve e divertida sobre qualquer coisa.

Minha sobrinha Viviane, por assim dizer, é um dos principais motivos para que eu tente, de forma capenga, me entregar ao exercício de pensar a vida, mesmo no que ela tem de mais trivial.
Eu a invejo loucamente. E é dela a responsabilidade de chamar esse blog de "Diário da Equilibrista". Foi ela quem me atribuiu esse "apelido" num lindo post por ocasião do meu aniversário, em 2007.

Sim, ela sabe como tocar o meu coração. Fez e faz isso de várias formas, especialmente quando me vejo nela, quando nossas histórias, mesmo que em timmings diferentes ficam absurdamente iguais. Quando vive - com outros protagonistas - os mesmos rituais que eu já experimentei.

Pensei num blog como um portfólio de lembranças. Um mosaico que juntasse as peças da minha vida, não permitindo que histórias fossem perdidas. Pensei que escrever poderia dar aos meus filhos a oportunidade de me conhecer um pouco melhor. Essa idéia veio do belíssimo blog "Para Francisco", no qual uma jovem procura registrar para o filho a curta trajetória de seu pai e do amor que os uniu, mas que a morte cuidou de separar.

Mas sabe, meus filhos não gostam de histórias que tenham "muitas letras".

Enfim, não faço a menor idéia do rumo que esse blog pode tomar. E nem de longe quero fazer dele um "palanque", um manual de auto-ajuda ou uma fraude pseudo "intelectual".

Vejo um blog como a evolução daqueles álbuns de recordações. Neles, uma flor fossilizada se junta a um convite de casamento, fotos, mechas de cabelo, ingresso de uma sessão de cinema ou teatro, um roteiro de viagens, bilhetes, um cartão postal e até um obtuário, para reproduzir fragmentos de uma vida que passou. Lembro-me da atriz Shirley Maclaine, em "Laços de Ternura", folheando três décadas de sua vida, buscando no passado um atalho para recomeçar.

Ops! Resvalei na pieguice e isso nada mais é do que um sinal: Tá na hora de finalizar. Ou, está na hora de ver onde é que essas palavras podem me levar.

O "Diário da Equilibrista" não será para todos, mas todos que aqui chegarem são benvindos. Mas sejam generosos, se for para "doer", melhor não dizer. Viu? Até rimou.

Sem mais para o momento... aquele abraço.