sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

"Haja o que houver"



Houve um período da minha vida em que me agarrei fortemente às coisas que me pareciam familiares. O meu quarto, por exemplo, passou a ser um refúgio. Eu não gostava de sair de lá. Tudo que eu precisava estava ali, principalmente segurança e aconchego.

Eu gostava também de ver filmes repetidos. A mesma história repassada vezes e vezes dava-me a tranqüilidade de saber o que me esperava ao final. Não havia surpresas. E eu tinha muito medo de surpresas.

Foi nessa época que assisti de forma obcecada “Os Maias”, a mini-série da Globo baseada na obra de Eça de Queiróz. Para quem não conhece estamos falando do drama de dois irmãos que se apaixonam intensamente, sem saber de seus laços de sangue. Não sei quantas vezes repliquei os encontro e desencontros de Carlos Eduardo e Maria Eduarda da Maia. Sabia de cor diálogos inteiros. Principalmente os das cenas de amor. “Deve haver um sentimento assim... cheio de suavidade e sem tormentos”. “Porque há de se chegar logo ao fim das coisas”... “Adoro-te. Adoro-te”...”Não vês que estamos indissoluvelmente ligados”?

E toda essa teia embalada por Madredeus. Perfeito!

Hoje estou como naqueles tempos. Com vontade de entrar no meu refúgio, trancar a porta e deixar entrar “Os Maias”. Ficar ali absorta pela impossível história de amor, tão impossível quanto o amor parece para mim nesses dias.



quinta-feira, 29 de janeiro de 2009

Barbie e Eu




Toda menina teve uma boneca de estimação. Eu tive a “Susi” – uma espécie de Barbie da década de setenta - que meu pai me deu de natal. Lembro que no dia que a compramos eu voltei para casa abraçada a ela e que nem respirava de tanta satisfação.

Meninas organizadas guardam suas bonecas para um dia entregá-las às suas filhas. Talvez, pela convicção de que jamais seria mãe de menina, a minha ficou perdida em algum armário e mamãe, que não teve boneca alguma, tratou de dá-la para alguém.

Não sei o que diz a psicologia, mas entendo as bonecas como uma representação de modelos femininos. Quando pequenas, meninas ganham bonequinhas que lembram bebes para aguçar seu instinto maternal. À medida que crescem, são apresentadas a bonecas que lembram adolescentes, jovenzinhas e depois mulheres feitas.

Ouvi um diretor de marketing falando sobre o relançamento da “Susi”, afirmando que a boneca teve seu perfil adequado às características da mulher brasileira e latina, ou seja, ela passa a ter uma bunda arrebitada e um pouco mais de volume no seio, já que isso é uma tendência.

A idéia desse post passa longe de discorrer sobre o mal que esses arquétipos farão um dia a milhões de mulheres que não poderão se identificar com eles. Não se trata também de reminiscências sobre a infância e a boneca perdida. Na verdade, escrevo para dizer que nos meus dias de adulta ganhei uma Barbie fashion e longilínea. E antes que alguns torçam o nariz achando que estou velha demais para brincar de boneca, informo que a minha Barbie é de carne e osso. Opa! Não se preocupem, pois não estou me pegando com mulheres, não se trata disso.

Barbie é o apelido carinhoso que gosto de atribuir à minha melhor amiga nos dias em que ela se comporta como uma. Hoje foi assim. Lá estava ela, em cima de um salto que faria minha hérnia de disco colapsar, com sua blusinha rosa e seus cabelos loiríssimos e lisos perfeitos como os de uma boneca.

Faz tempo que tento escrever sobre ela. Se fosse um casamento, estaríamos perto de completar a maioridade conjugal. Mas é difícil falar sobre ela, como é difícil falar sobre as pessoas que amamos e que fazem diferença para nós. Difícil porque quaisquer qualidades que queiramos atribuir a essas pessoas parecem miúdas diante da importância que elas têm. Mas ao nos despedirmos hoje ela disse que gosta de terminar seus dias lendo o Blog e pediu para eu escrever. Portanto, esse post é para a minha única e verdadeira Barbie.

Sol, um beijo e o carinho dessa “equilibrista” prá você - que segue com nossa trilha sonora. (xiiii...agora vão achar mesmo que a gente tá de rolo. rs)


segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Ser Michelle Obama


Na semana passada os olhos do mundo estiveram voltados para um acontecimento que será um divisor de águas na política americana. Num país em que as questões de raça sempre foram controvertidas, um homem negro chegou ao cargo mais cobiçado do planeta: a presidência dos Estados Unidos. A grande potência. A nação soberana sobre as demais.

A posse de Obama mereceu e continuará merecendo teses e teses. Ela tem sido analisada do ponto de vista político, antropológico, sociológico, econômico, cultural, social e umas tantas outras denominações.

Não menos importante foi o destaque que seu deu à primeira dama: Michelle. Uma mulher superlativa. É alta, imponente, elegante e nem de longe pode ser considerada uma eminência parda como Marisa Lula da Silva – bem, a comparação é por demais abissal.

Acompanhei pela TV toda a liturgia da posse. Foi bonito ver a multidão reunida debaixo do frio para aplaudir o homem que vai conduzir os desígnios da sua e de tantas outras nações. Mas foi também divertido acompanhar os esforços de jornalistas e cientistas políticos tentando decifrar uma questão que está além da geopolítica: que mensagens Michelle queria enviar com as roupas que usou nas cerimônias do dia?

Isso me instigou por alguns momentos a ser Michelle Obama. E na pele da Cinderela negra me perguntar: que mensagens estariam embutidas naquele figurino? Para ser franca penso que dificilmente me preocuparia – numa ocasião dessas – com pretensos discursos. Será que Michelle não foi apenas uma mulher intuitiva que escolheu sua roupa como qualquer uma de nós quando queremos “causar”?

Será que escolher uma estilista de ascendência cubana ou um jovem chinês de Taiwan faz parte de uma estratégia política ou verde e branco são cores que ressaltam a cor morena que agora tem tanto valor?

E francamente: quem se importa com estratégia quando se está nos braços de um homem que se não fosse presidente podia ser um astro de Hollywood? E quem se importa se ele não é exatamente um pé-de-valsa se te faz rodopiar lindamente ao som de “At Last”?

Michelle, você jamais lerá esse post, mas pode ter certeza de que fechei meus olhos um monte de vezes nesses dias e sonhei estar com aquele vestido branco de chifon nos braços de Obama levitando enquanto Etta James sussurra...

“At last my love has come along
My lonely days are over
And life is like a song
Ohh yeah
At last the skies above are blue
And my heart was wrapped in clover
The night I looked at you

I found a dream that I could speak to
A dream that I could call my own
I found a thrill to press my cheek to
A thrill that I have never known
Oh yeah yeah

You smiled ohh and then the spell was cast
And here we are in heaven
For you are mine at last
For you are mine at last”…


sexta-feira, 23 de janeiro de 2009

quarta-feira, 21 de janeiro de 2009

Minhas Férias na "Ilha"




Dia desses li a seguinte frase: “a única coisa chata das férias é que elas acabam”. É verdade. Como dizia o mesmo articulista “sempre há uma segunda-feira esperando”.

Nessas férias tinha um compromisso: passar parte delas numa ilha. Não numa ilha qualquer. Ela fica em algum lugar do Pacífico. Não há resorts nela. As melhores acomodações ficam numa vila, mas cavernas, cabanas e barracas na praia são lugares mais seguros.

O diferencial da ilha, diga-se de passagem, paradisíaca, são seus visitantes. Do time masculino eu destacaria o jovem médico, o mau caráter bonitão, o iraquiano que foi predestinado a não ser feliz no amor, o gordinho meigo, o rock star decadente e o cinqüentão inseguro. Quanto às mulheres, vou me concentrar em Kate. Ela tem um passado controvertido, mas quem se importa com isso se ela é dona do coração dos homens mais interessantes de lá?

Estive visitando a “ilha” na companhia de meu sobrinho neto Victor. Aliás, essa visita era um compromisso que tinha com ele. Bem, para os iniciados é fácil sacar que estou falando de LOST. O seriado americano que mobiliza as atenções de um público cativo, que já mereceu uma centena de teorias sobre os mistérios que envolvem a trama e para a qual cabem muitas interpretações.

LOST fala de um vôo que saiu de Sidney, na Austrália em direção a Los Angeles, mas que não chegou ao seu destino. Caiu numa ilha. Milagrosamente, alguns passageiros sobreviveram. Esse é o ponto de partida para uma história que não tem audiência, têm adictos. Aqueles que a seguem se tornam dependentes. Tudo que querem é receber uma nova peça que possa, por fim, revelar o desenho por trás do mosaico de personagens complexas. A cada episódio vemos nossas teorias caírem por terra.

Num primeiro momento LOST parecia querer nos falar sobre globalização, já que temos nessa ilha pessoas de nacionalidades distintas. Na adversidade, elas são obrigadas a gerenciar suas diferenças sociais, econômicas e culturais, suas fraquezas, sua grandeza e sua pequenez para sobreviver à tragédia.

Ao mesmo tempo há fortes doses de misticismo, ciência, religião e aguça a curiosidade porque de alguma forma todos os integrantes do vôo que caiu parecem ter algum tipo de conexão. Há momentos em que LOST parece uma representação de céu e inferno. De bem e de mal. A ilha pode ser analisada como um local onde as pessoas vão expiar seus pecados e rever suas trajetórias, fazer correções de rumo e recomeçar uma vida diferente daquela que experimentavam antes.

E há os “outros”. Aqueles que representam uma incógnita. São os mocinhos ou os vilões? Devemos temê-los ou reverenciá-los? Há muitas perguntas sobre LOST. Ontem li uma matéria na qual os produtores diziam que é difícil agradar a todos os seguidores da série. Alguns demandam mais misticismo. Outros estão mais interessados em filosofia e religião. Mas outros – e me incluo entre eles – querem apenas saber se Kate vai escolher Jack ou Sawyer. É, podem apostar, LOST tem boas doses de romance também.

A quinta temporada começa hoje nos Estados Unidos e claro, haverá uma legião de pessoas com os olhos cravados na TV para tentar entender porque raios o Locke que ficara na ilha apareceu em Los Angeles ... bem, se você quer mais detalhes faça como eu: grude no sofá e se prepare para a aventura.

segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Família


Estou lendo um livro muitíssimo interessante chamado "Os Irmãos Karamabloch", um relato sobre uma família de ucranianos, os Bloch, que construíram um império de comunicação no Brasil. Durante muitos anos o destaque da empresa ficou por conta da revista Manchete, que, mal comparando, seria hoje um misto de "Caras", Contigo" e um pouco de "Veja".

A revista teve um papel importante na minha formação cultural. Foi pelas suas páginas que pela primeira vez soube da existência de Leila Diniz, Marilyn Monroe, a sina trágica dos Kennedy, Che Guevara e das coisas que rolavam no Brasil e no mundo nas décadas de sessenta e setenta.

Meu irmão Brasil assinava essa revista e outra do mesmo grupo chamada “Fatos e Fotos”. Tinha um ciúme louco de seus exemplares e certa vez quase me matou porque recortei uma de suas páginas para usar num trabalho da escola.

O que me chama atenção no livro é perceber que independente da nacionalidade, da cultura, do fator econômico, as famílias são muito parecidas e como diria Caetano Veloso... “de perto ninguém é normal”.

Toda família tem sua porção de loucos, de tarados, de muquiranas, de pistoleiras, de bons vivants, de gente que rala e de gente que nunca disse a que veio. Se algum dia pudesse escrever sobre a minha família eu o faria com a honestidade desse autor – sim, ele mesmo um Bloch – pois, para falar dos “nossos” é preciso sinceridade.

Falar da família e de seus integrantes famosos está na moda. Vejamos o exemplo de Jayme Monjardim que resolveu dirigir uma minissérie sobre a vida de sua controvertida mãe: Maysa. Imagine o quanto custou a ele abrir as gavetas do passado e – desculpe o trocadilho – passar a limpo essa estória. A catarse foi completa porque ele convidou seus próprios filhos para interpretá-lo na juventude.

Falar de família é sempre uma tarefa complexa. Todos nós temos poeira escondida sob o tapete e nem sempre é possível promover uma grande faxina. Convivendo mais de perto com a minha nesse final de ano percebi que ela é bonita, apesar de todos os seus defeitos. Olhando as gerações que começam a se mesclar é possível reconhecer aquilo que fomos, aquilo que somos e o que seremos. Esse olhar pode ser uma bússola, um balizador, pois dar prosseguimento a vidas que foram construidas a partir de muitas amostras sempre representará ônus e bônus para o nosso inventário pessoal.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2009

"Tudo novo... de novo"!!

2009 já chegou! Saudemos, portanto o ano que já segue seu curso. E como diria o Paulinho Moska, que seja “tudo novo de novo”.

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