Parece que foi ontem que vimos 2013 retirar-se obscurecido por uma chuva de cores explodindo no ar pelos céus do Brasil. Dentro de algumas horas veremos 2015 chegar e parei para pensar no ano que vai terminando e em tudo que aconteceu.

Lembra? Você desejou que em 2014 meus dias fossem como o último dia de 2013. E não é que foram? No amor, olhares cúmplices, muitos filmes, horas sem fazer nada, conversa fiada, saídas eventuais, um jantarzinho aqui outro ali, banhos de cachoeira, almoços com a família, cafezinhos no shopping e pequenas, mas quase orgias sexuais ...
Nessa retrospectiva, lembro os dias de férias em Floripa, com aquela esticada ao Rio, onde pela primeira vez pude ver que o Carnaval é realmente o maior espetáculo da terra. Aquela exuberância de cores e movimentos. E não é que infamemente falando, “vi a Mangueira entrar”? Agora sou cada vez mais “verde e rosa”.

Pela primeira vez, em outubro, sem que eu tivesse de lembrá-lo, passamos aqueles dias incríveis de mar e calor no Caribe para celebrar 29 anos de vida em comum.
Será que
vestir branco, tomar banho de sal com arruda, comer uvas e guardar sementes de
romã foi responsável por tudo isso? Pelo sim, pelo não, hoje, 31 de janeiro de
2014 vou repetir o ritual. Quem quer brincar com a sorte, não é?
E o que dizer
do sossego depois de ver os meninos se acertarem, colocando os pés no chão, buscando o caminho para uma vida de sonhos,
mas com estrutura de realidade? Acho que nem eles imaginavam que seria tão
simples, ao mesmo tempo tão doloroso
aprender que nada vem de graça, e que sem esforço e dedicação, as conquistas não
têm o mesmo sabor. Agora caminham com as próprias pernas e embora possamos
dizer que é quase um engatinhar, já durmo tranquila, pois finalmente, sei que
eles vão fazer acontecer.
Fecho os olhos
e sinto saudades de todos os nossos encontros, as saidinhas para o shopping, as
conversas e as risadas que ficam ecoando em mim, como uma trilha sonora
chiclete. Falando em música, meu ano foi
uma mistura de Cole Poter, Cazuza, Capital, Ney Matogrosso, e aquelas músicas
breguíssimas do BBB.
Aliás, nem me fale em BBB, pois até agora não me conformo
que o público tenha dado a vitória àquele “caipira pop funk arrocha”, ao
contrário de premiar aquele gay super divertido. Eu te falei: aquela coisa de sunga branca na
piscina ia decidir o jogo. Aliás, começaram as chamadas para o BBB 15 e eu já
assinei o Pay Per View. Foda-se se é subcultura. Diversão não tem que ter selo
da Academia Brasileira de Letras.
Falando nelas,
as “letras”, consegui cumprir minha promessa de ler toda a obra de Eça de
Queiróz. Agora estou relendo pela terceira vez, “Os Maias”.

Mas pode ficar tranquila, não vou me trancar no quarto e repetir pela milésima vez a minissérie. É que histórias de amor sempre me interessam, como as cartas de amor, elas são ridículas. (Fernando Pessoa não poderia ter escrito nada tão certo).

Mas pode ficar tranquila, não vou me trancar no quarto e repetir pela milésima vez a minissérie. É que histórias de amor sempre me interessam, como as cartas de amor, elas são ridículas. (Fernando Pessoa não poderia ter escrito nada tão certo).

Amiga, mal
consigo acreditar que finalmente equilibrei as finanças e que graças àquela
ideia de cofrinho, acabei poupando e já vislumbro nossa tão sonhada e ansiada
viagem para a Disney. Se você amarelar, juro que vou subir no banquinho.
Sei que você
fica meio brava, mas sinto muita alegria de ter feito novos amigos em 2014. OK,
você tem ciúmes, mas pense, são pessoas com as quais já demos boas risadas e
que de alguma forma oxigenaram nossa vida. Como diz uma dessas amigas,
“cachorro velho não aprende truque novo” e a gente já estava repetindo piadas. Aliás,
Marina já marcou comemoração pelo primeiro ano de retorno ao Brasil.
Enquanto
escrevo fico escutando o burburinho intenso de Copacabana. E já estou chorando
desde já – sim, que novidade, afinal vivo chorando - pensando que em poucas
horas vou contemplar pela primeira vez os fogos e me integrar àquela imensa
multidão lá fora. Tenho muito para agradecer, em especial pela minha saúde.
Relutei anos para aceitar que atividade física faz bem para o corpo e a mente.
Hoje já consigo me olhar no espelho sem sentir vergonha de todo o corpo
despencando, nadar me fez muito bem. E preciso te agradecer por ter me
acompanhado na primeira etapa, caminhando comigo, até que me sentisse pronta
para sonhar com movimentos mais complexos. Vou usar um short branco,
comportado, claro, mas já é um avanço para quem estava a um passo de vestir
burca.
O tempo
passa rápido, é demasiado veloz, ao contrário de quando tinha quinze anos, hoje
fico pensando que as horas e dias deveriam correr em ritmo mais lento. Tenho
tantos planos, tantos sonhos. Uma coisa é certa: parei de condicionar minha
vida à realização do transplante. Ele pode estar pertinho, pode demorar, pode
até não acontecer. A despeito de alcançar ou não esse patamar no meu
tratamento, esse ano me ensinou que a vida começa no momento em que damos o
start. Não é necessário esperar uma ocasião especial. Não dá para agendar data
no calendário. A vida é pra já. Como diria a Graça: se a vida me chama, meu
nome é “pronto”.
Desculpe estar
falando tanto de mim, mas hoje me bateu esse narciso. Quando estiver
agradecendo pelas minhas conquistas, pedirei a Deus que te conserve assim, que
te dê em 2015, no mínimo o que conquistou em 2014: seu negócio prosperando,
seus cabelos cada vez mais loiros, novas dietas loucas, seu neto cada dia mais lindo, saudável,
esperto, mas vou pedir que você se
convença que trabalho não é tudo na vida, que dinheiro é bom, que segurança é
importante, mas que viver intensamente é que faz tudo valer a pena.
Sinceramente?
Vou agradecer muito por ter você na minha vida, por ter uma amiga que sempre me
dá razão, que enche minha bola, que nunca acredita nos meus erros, que mente
descaradamente para não me magoar e que sobe no banquinho cada vez que alguém
fala qualquer coisa de mim.
Sim, passei o
ano de 2014 agradecendo a Deus. Lembra que te disse que precisava reforçar
minha religiosidade? Resolvi que a fé independe de qual igreja você frequenta,
por isso andei pelos palcos cristãos, evangélicos, espíritas e já ando de olho
no Budismo. É bom ter diferentes rituais.
No mais você
sabe, o ano foi aquilo de sempre: picos e vales, decepções na política, gente cada vez mais
impaciente, tecnologia demais e abraços de menos, fúria no trânsito, muita
aspereza e menos gentileza. Mas assim como Lulu Santos, “eu vejo um novo começo
de era, de gente fina elegante e sincera, com habilidade, pra dizer mais do que
não.”
Agora vou me
deitar. Como diria Adriane, vou me dar ao luxo do “sono da beleza”, antes de
mergulhar na multidão de gente que espera 2015 chegar.
Aproveite sua noite, e como eu, feche os olhos e imagine todas as incríveis e inacreditáveis coisas que nos esperam, na vida louca para nos mimar. Sobretudo, pense que poderíamos não ter tido nada, mas que já valeu a maravilha de ver nossos caminhos se encontrar. E vamos entoar hinos como: “valeu a pena, ôôô...”
E
desejar que hoje e amanhã o nosso dia termine bem. Vamos apostar as fichas na
fantasia, em despojamento, em dar, sem esperar muito de volta. Vamos
simplesmente viver. E se possível, "pegar mais de um milhão de vaga lumes por ai."
Com amor.
Ana Maria