quinta-feira, 29 de outubro de 2009

"Solidão com vista pro mar"....


Primeiro me encantei com as praias e a possibilidade de visitar uma Ilha mítica. Ir para Cuba pareceu uma ideia que juntaria a beleza do Caribe com um pouco de história e política e tudo isso com uns tragos de run.

Depois, flertei com o glamour da grande metrópole, o reencontro com a cidade onde tudo acontece, para onde convergem as atenções do mundo. Não seria mal voltar ao Metropolitan, passear pelo Central Park, enlouquecer com o luxo da quinta avenida e de que quebra, revisitar os espetáculos da Broadway. Mas depois me ocorreu que Nova Iorque pode ser “up to date”, mas com frio, no final das contas, me sentiria na Sibéria.

Então, passou pela minha cabeça visitar Santiago, já que o Chile sempre foi um sonho de consumo. Dei uma piscadela para Cartagena, fiquei empolgada com a Disney, até pensei na Cidade do Panamá. Eu queria, sobretudo, ouvir uma língua diferente. E se pudesse ser o Espanhol, melhor.

Depois caiu a ficha de que devo viajar sozinha, ou quase isso e então, todos os lugares parecem pouco atraentes. Na pior das hipóteses, imaginei um resort numa praia qualquer do Brasil. Afinal, ano terminando, em fevereiro no retorno às aulas, as pessoas estão sempre comentando sobre a viagem que fizeram e como foi legal curtir a família, o marido, os filhos, o namorado e você lá, sem ter o que dizer. Sem uma novidade bacana para contar.

A verdade é que as férias estão chegando e não consigo ter um roteiro em mente. No final das contas, tenho medo de viajar e não ter mais do que “solidão com vista pro mar”

terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Não tá pegando nada..."


Minha mãe gosta de falar que me pareço muito com meu pai. Essa semelhança é ressaltada, em particular, quando ela se refere ao meu relacionamento com as pessoas. Em sua opinião, assim como meu pai, tendo a achar que todas são boas e que basta “meia horinha” com alguém, para achar que aquela pessoa é minha amiga de infância. Digamos que ela não está de todo errada e que anos atrás essa característica estava muito mais evidenciada. Mas esse post não é para falar da minha mãe, nem das coisas que ela diz sobre mim, quase sempre com razão.

Escrevo hoje para falar de uma pessoa que conheci a pouco mais de um ano. Não foi um caminho linear. Posso dizer que houve altos e baixos e que em alguns momentos, eu quase desisti. Mas valeu a pena insistir, porque acabei sendo premiada com uma amizade diferente daquelas que normalmente faço, já que a pessoa em questão não tem as afinidades que tradicionalmente me aproximariam de alguém. Ao contrário, temos temperamentos diferentes, gosto distinto para a música e, além disso, há uma efetiva diferença de idade entre nós.

Apesar disso, posso dizer que estabelecemos uma cumplicidade especial. Trabalhei com esse “garoto” por pouco mais de um ano. Eu digo “garoto”, porque apesar dele parecer ter 30 anos (opa! foi a vendedora da Siberian quem falou), costuma se comportar como um respeitável senhor, embora tenha pouco mais de 22 anos. Nesse tempo que nos coube trabalhar juntos, fizemos mais do que isso. André foi a pessoa com quem me relacionei mais de perto nesses últimos meses. Estive mais tempo com ele, do que com meus filhos, e deve ser por isso que o considero um pouco filho também. Foi com ele que dividi almoços de cardápio ruim, mas quase sempre boas risadas, e mesmo os momentos de angústias, minhas ou dele, foram uma forma de aprendizado para nós.

Ele não é do tipo que faz força para agradar e nunca deixou de me dizer “não” quando foi preciso. Nunca passou a mão na minha cabeça para me adular, mas quando o fez, foi de uma forma genuína e sincera. Na condição de “meu único colega de trabalho”, nossas conversas foram importantes para eu tomar as decisões que tomei, como por exemplo, deixar de trabalhar e reconhecer, de uma vez por todas, que aquela atividade não me fazia feliz.

Hoje almoçamos e rimos juntos, na maior parte do tempo de coisas que só têm graça para nós, porque nesse tempo, como dois bons amigos, aprendemos a criar nosso dialeto e interpretar o sentido de só olhar.

Ele não sabe, mas no dia em que me despedi dele – quando fui ao escritório buscar minhas coisas e fechar essa etapa da minha vida – chorei copiosamente ao sair de lá. Não porque estava tomando uma decisão que vai me impactar financeiramente, não porque ia começar uma nova rotina, mas acima de tudo, porque me acostumei a levantar toda hora da minha mesa e ir até a mesa dele para um dedo de prosa, ou simplesmente um abraço. Era prá ele que corria todos os dias para contar as minhas novidades, minhas alegrias e tristezas e disso, sinto muita falta.

Enfim, vida que segue. A minha e a sua, André.

A gente se vê! Afinal, “não tá pegando nada”.

Acho que você vai entender porque escolhi a música que embala esse post. E, aliás, a foto que ilustra essas linhas, tem crédito seu.

Beijão, da “sua única e verdadeira colega de trabalho”.

Ana Maria