quinta-feira, 28 de maio de 2009

"Sem você eu não sou ninguém"


Querida amiga,

Como estão as coisas no seu planeta?

Por aqui tudo segue cinza desde que sua presença rosa choque deixou a minha vida. Ao contrário do que você disse, meu coração não se convence de que um relacionamento pode se manter vivo apenas com conversas telefônicas.

Sinto saudades, em especial de uma noite quando voltávamos da UNB e tivemos um acesso de riso, imaginando que uma de nós seria encontrada num terreno baldio com a boca cheia de formiga.... e mais não posso dizer.

Hoje vi uma loira em cima de um salto altíssimo jogando suas melenas de um lado para outro e quase chorei. Claro! Lembrando de você, que é a única e verdadeira loira da minha vida.

Sou obrigada a ser superlativa para ver se consigo sensibilizá-la. Doravante, depois de escrever essas palavras os que me leem vão logo achar que sou lésbica, mas você bem sabe que apesar de termos benção oficial, nosso assunto é outro.

Enfim, amiga, escrevo-te para dizer que sem você eu não sou ninguém.

Bjs

terça-feira, 26 de maio de 2009

Minha aluna Rosa


Dia desses recebi um e-mail que falava de uma senhora de mais de oitenta anos que se tornou um exemplo de tenacidade e vontade de viver, ingressando numa faculdade em um momento da vida em que muitos estão se rendendo ao ocaso.

Bem, curiosamente eu tenho uma aluna chamada Rosa que não tem oitenta e dois anos. Tem vinte a menos, mas que podia perfeitamente estar fazendo crochê e tocando em frente sua aposentadoria. A exemplo da Rosa de que falava o e-mail, minha aluna é uma pessoa de alegria contagiante, que está concluindo um curso de Comunicação e na metade de um curso de Direito.

Eu a vejo sempre pela escola em animadas rodas de conversa e não consigo me lembrar dela sem que o seu sorriso largo e franco esteja associado. Eu sou uma pessoa que se apega facilmente aos alunos. De alguns, sinto saudades como se fossem filhos, mas a Rosa é uma pessoa que eu não vou esquecer jamais. E não é por todos os mimos que ela me oferece, nem porque somos as duas, viciadas em Coca-Cola, mas porque tenho orgulho de ter tido na minha sala de aula uma mulher intensa, cordial e determinada. Daquelas que sabem oferecer ternura e pulso forte na hora certa.

Deus sempre foi generoso ao me conceder o privilégio de conhecer pessoas que valem à pena. E hoje senti uma vontade enorme de materializar o meu carinho por ela e dizer que sou grata, não apenas por ter tido a oportunidade de conhecê-la e me tornar sua amiga, mas por todas as lições que ela, mesmo sem se dar conta, me ensinou. Ou seja, durante todo esse tempo, ela foi a mestra, não eu.

Um beijo, Rosa.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

Com que roupa?


Acordei muito indecisa sobre que roupa usar. A escolha não era particularmente difícil, pois não se tratava de uma festa. Eu procurava um vestido básico para ir dar aula e depois trabalhar. Essa dúvida me fez lembrar de um tempo em que eu tinha apenas uma opção: calça jeans e uma camiseta rosa com um tênis bordado. Curiosamente ia a todos os lugares com a mesma roupa e escolher uma peça não era problema. Anos depois e muitos quilos a mais enfrento o desafio de vestir uma roupa e me sentir feliz com ela. Pode apostar, tudo que eu queria era entrar naquele jeans.

A lembrança da roupa me remeteu a coisas engraçadas. Inclusive ao comentário maldoso de um garoto com o qual eu saia na época que perguntou: “você só tem essa roupa?” E eu respondi sincera e sem recalques: sim! Hoje, provavelmente ficaria em casa chorando uma semana por conta disso.

Nessa retrospectiva veio a memória as amigas da época. Todas eram mais bonitas, tinham mais roupas, eram mais ricas e descoladas. Dia desses vi a foto de uma delas. Fiquei chocada! A vida tratou muito mal essa pessoa. Lembro que tinha olhos claros e que era muito paquerada. Aliás, lembro que era uma das meninas mais bonitas da escola. Não sei o que aconteceu, que caminhos precisou percorrer, que sofrimentos cruzou sua vida, mas lembrei-me das sábias palavras da minha mãe. Quando menina eu chorava e dizia que era muito feia. Ela ria e com o seu jeito peculiar de encarar a vida dizia: “minha filha, a beleza acaba, mas a feiúra conserva”. (rs) Bem, acho que ela estava certa.