quinta-feira, 19 de maio de 2011

A Primeira Vez

Em 1987 uma campanha publicitária ganhou o Brasil. Era delicada e falava sobre a experiência única de se usar o primeiro sutiã. O mote era despertar nas pessoas a capacidade de recuperar momentos inesquecíveis de suas vidas.

De fato, a primeira vez a gente nunca esquece. Por exemplo: o primeiro beijo. Ok! O meu foi totalmente esquecível. Embora nunca mais tenha visto aquele garoto e a experiência não tenha sido arrebatadora, ficou registrado na memória meu ingresso no mundo das bitocas. E cá para nós, beijar, pela primeira, segunda ou milésima vez é sempre uma delícia.

Houve outras primeiras e memoráveis vezes. A primeira vez que vi a carinha dos meus filhos...A primeira vez que me senti gostosa...A primeira vez que ouvi Jorge Drexler...A primeira vez que entrei numa sala de aula...A primeira vez que tomei sorvete de menta com chocolate...

Mas não é desse tipo de primeira vez que quero falar. Infelizmente, ou felizmente fui apresentada à minha primeira vez na hemodiálise. E quer saber? Não foi nada divertido passar a fazer parte desse clube. Diferente do primeiro beijo, quando alimentamos a esperança de que haverá fundo musical, que um cenário de sonho vai se estabelecer e que o chão vai se abrir com anjos trombeteando – enfim, talvez isso seja mais para anunciar o fim dos tempos – a experiência de encarar a máquina pela primeira vez foi um pesadelo. Não há cenário capaz de tornar essa experiência menos traumática. Não é nada interessante passar duas horas vendo seu sangue ser conduzido por duas mangueiras e escutar aquela máquina apitando, como aqueles aparelhos de UTI. É um tempo que você, por mais imaginação que tenha, não consegue esquecer que está doente e que aquele lugar não seja um hospital. O pior é saber que isso fará parte da sua vida por um tempo impossível de ser quantificado.

Como já tive ocasião de manifestar, não quero adular a autocomiseração. Estou lutando para não ter dó de mim, mas está difícil. Não é bacana olhar meu braço e vê-lo destroçado, como se tivesse levado uma surra. Nesse momento, eu sou a rainha dos hematomas e de uma dor que não me deixa dormir.

Por enquanto, nesse jogo entre Ana Maria e a máquina, ela está ganhando de goleada. Estou confiante, mas acho que ainda vai levar um tempo prá poder dar risada e virar esse placar.

3 comentários:

Anônimo disse...

Amiga,

Adianta te falar que penso em você o tempo todo?
Adianta dizer que te amo?
Adiante dizer que tenho muita esperança que logo, logo você se sentirá melhor em todos os sentidos.
Não tenho palavras, mas tenho muito carinho e amor por você. E uma enorme fé em deus.
Beijos,
Sol

Bailarina disse...

Eu acho que logo logo vc vira esse placar!Estaremos juntas pra levantar a taça! bjs

Equilibrista disse...

Claro que adianta! Não fosse esse amor que recebo das pessoas queridas e já teria perdido por W.O. Vamos em frente! Como diria o Collor: "não me deixem só!!!"
Super beijo.