domingo, 21 de novembro de 2010

Sobre Principes Encantados...



Como é de domínio público, minha principal diversão nos últimos tempos é assistir filmes que foram lançados há dez, vinte, trinta anos. Eu vou às Lojas Americanas e compro DVDs que tenham tido algum significado. Da última vez, eu trouxe para casa “Uma Linda Mulher”. Sim, o conto de fadas protagonizado por Julia Roberts e Richard Gere.

Hoje eu o assisti. E claro, chorei ao final quando o príncipe Edward Lewis arrebata Vivian, sua princesa plebéia, a despeito dela ser uma prostituta e ele, um milionário.

Na vida real sabemos que não funciona bem assim, mas nós mulheres sonhamos, de forma infantil e inacreditável, com um príncipe que irá nos resgatar da torre em que somos mantidas reféns por alguma bruxa malévola.

Eu sempre acreditei em príncipes. Desculpe, apesar de já ter feito o estilo “independente futebol clube”, sempre achei que a felicidade estava, intrinsecamente, associada ao amor de um homem e sua capacidade de prover minha lista de desejos e aspirações.

Meu primeiro príncipe se chamava Ricardo. Não! Eu nunca conheci um Ricardo de verdade e sequer me apaixonei por um. Quando adolescente, simplesmente achava que Ricardo era um nome que estabelecia uma estreita vinculação com a categoria de príncipe. Ricardo Albuquerque era perfeito. Ficava horas me imaginando Ana Maria Monteiro de Albuquerque. Quando li “Os Maias”, de Eça de Queiróz, fiquei tentada a ser Ana Maria Monteiro Castro Gomes. Sim, eu sei que esse não era o mocinho da trama, mas o sobrenome me parecia mais imponente que “Maia”.

A vida foi me ensinando que não há nada mais improvável que o amor de um príncipe. E claro, quando falo de príncipe estou considerando aquela categoria de homem que é capaz de arrebatar o coração de uma mulher, de tirar-lhe o sono, de fazê-la flutuar, mesmo que seus pés não saiam um tantinho sequer do chão. Daqueles que a gente vê nos filmes de Hollywood, com final feliz, nos quais sempre tem música quando o inacreditável beijo acontece.

Quando chorava ao final de “Uma Linda Mulher”, senti uma mão segurando a minha. Não era sonho, era o meu imperfeito príncipe. Aquele que me coube ter. Ele não é de exímia beleza, ele não sabe as falas dos príncipes do cinema, por vezes ele é tosco, como o “Shrek”, mas é ele que enxuga minhas lágrimas e sabemos que nos últimos tempos elas são quase como uma torneira aberta pingando sem parar. É ele quem me acolhe nas horas em que tudo parece não ter solução. É para ele que meu pensamento se dirige, sempre que me sinto em perigo. E embora ele não empunhe uma espada e nem monte um cavalo branco, é graças a sua generosidade e proteção que minha vida parece ter algum sentido nesses dias em que as nuvens de chuva insistem em rondar meu reino. E sinto, sempre que ele me envolve com seu abraço terno, que estava pronto, me esperando, “mil dias antes de me conhecer”....

“Vivia a te buscar,
Porque pensando em ti
Corria contra o tempo
Eu descartava os dias
Em que não te vi
Como de um filme
A ação que não valeu
Rodava as horas pra trás
Roubava um pouquinho
E ajeitava o meu caminho
Pra encostar no teu
Subia na montanha
Não como anda um corpo
Mas um sentimento
Eu surpreendia o sol
Antes do sol raiar
Saltava as noites
Sem me refazer
E pela porta de trás
Da casa vazia
Eu ingressaria
E te veria
Confusa por me ver
Chegando assim
Mil dias antes de te conhecer”...

(Valsa Brasileira, Chico Buarque)


Um comentário:

Bailarina disse...

Desculpe, mas não consigo imaginar um príncipe chamado Ricardo! É que me vem à cabeça o nosso encargado, lembra? Ele até poderia ser um príncipe, mas diante daquela imitação tosca que o Dani faz dele...Socorro!