segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Família


Estou lendo um livro muitíssimo interessante chamado "Os Irmãos Karamabloch", um relato sobre uma família de ucranianos, os Bloch, que construíram um império de comunicação no Brasil. Durante muitos anos o destaque da empresa ficou por conta da revista Manchete, que, mal comparando, seria hoje um misto de "Caras", Contigo" e um pouco de "Veja".

A revista teve um papel importante na minha formação cultural. Foi pelas suas páginas que pela primeira vez soube da existência de Leila Diniz, Marilyn Monroe, a sina trágica dos Kennedy, Che Guevara e das coisas que rolavam no Brasil e no mundo nas décadas de sessenta e setenta.

Meu irmão Brasil assinava essa revista e outra do mesmo grupo chamada “Fatos e Fotos”. Tinha um ciúme louco de seus exemplares e certa vez quase me matou porque recortei uma de suas páginas para usar num trabalho da escola.

O que me chama atenção no livro é perceber que independente da nacionalidade, da cultura, do fator econômico, as famílias são muito parecidas e como diria Caetano Veloso... “de perto ninguém é normal”.

Toda família tem sua porção de loucos, de tarados, de muquiranas, de pistoleiras, de bons vivants, de gente que rala e de gente que nunca disse a que veio. Se algum dia pudesse escrever sobre a minha família eu o faria com a honestidade desse autor – sim, ele mesmo um Bloch – pois, para falar dos “nossos” é preciso sinceridade.

Falar da família e de seus integrantes famosos está na moda. Vejamos o exemplo de Jayme Monjardim que resolveu dirigir uma minissérie sobre a vida de sua controvertida mãe: Maysa. Imagine o quanto custou a ele abrir as gavetas do passado e – desculpe o trocadilho – passar a limpo essa estória. A catarse foi completa porque ele convidou seus próprios filhos para interpretá-lo na juventude.

Falar de família é sempre uma tarefa complexa. Todos nós temos poeira escondida sob o tapete e nem sempre é possível promover uma grande faxina. Convivendo mais de perto com a minha nesse final de ano percebi que ela é bonita, apesar de todos os seus defeitos. Olhando as gerações que começam a se mesclar é possível reconhecer aquilo que fomos, aquilo que somos e o que seremos. Esse olhar pode ser uma bússola, um balizador, pois dar prosseguimento a vidas que foram construidas a partir de muitas amostras sempre representará ônus e bônus para o nosso inventário pessoal.

Um comentário:

Bailarina disse...

Eu achei que o Monjardim foi de uma coragem monstra. Mostrar a mãe, nada peculiar, modelinho - não agrado todo mundo - é no mínimo de se respeitar. Sobre a nossa família é impressionante como a gente se ama tanto, tendo tantos defeitos, não? Acho que é isso que a torna bonita. Aliás, prepare-se para reservar umas horinhas para um café comigo. Estou saudosa. "Eu vejo o futuro repetir o passado, eu vejo um museu de grandes novidades, o tempo não para..." Um beijo grande!