domingo, 23 de novembro de 2008

"My Name is Bond. James Bond".

Falar sobre o passado ajuda a compreender algumas situações do presente – sim, é um chavão – mas é também um processo doloroso, já que muitas vezes feridas que estavam cicatrizadas voltam a sangrar.

A retrospectiva que promovi sobre minha vida e, principalmente sobre os amigos de cada período, deixou-me melancólica. Entretanto, o que mais doeu foi falar do meu pai, mesmo que brevemente, pois a falta dele é uma ferida que nunca vai sarar.

Mesmo acreditando piamente nos versos do Drexler...

“Y aunque parezca mentira
tu corazón va a sanar
y va a volver a quebrase
mientras lê toque pulsar...
y volverás a esperanzarte
y luego a desesperar
y cuando menos lo esperes
tu corazón va a sanar
va a sanar
va a sanar”....

Enfim, tomei a decisão de pausar o tema “páginas da vida” para tratar de outros mais amenos. Não quero cansar minha audiência. Afinal, ela é composta de pouquíssimos, mas preciosos seguidores, que já estão às voltas com seus próprios dilemas.

O tema mais ameno que me ocorre no momento é cinema. Mas não esperem ler aqui uma crônica erudita. Para o lamento de alguns sou uma voraz consumidora de blockbusters. Não que eu não seja atraída pelos chamados “cults”, aqueles que recebem várias estrelas dos críticos, embora nem sempre lotem uma sala de cinema.

Eu acredito ter um bom gosto musical. Eu acho até que sou leitora de bons livros. Mas quando o assunto é cinema, bem, nesse caso não sou exatamente um exemplo a seguir.

Pode apostar que eu serei sempre a primeira da fila nas estréias de filmes tipo: “Missão Impossível”, a trilogia “Bourne” (eu gostaria que fizessem mais meia dúzia de seqüências), "Duro de Matar", e claro: “007”.

Pensem numa pessoa que fica frenética, que come um saco de pipoca sem perceber e que nem pisca? Sou eu. Assisti duas vezes a “Quantum of Solace” o último lançamento do único e verdadeiro agente de “sua majestade”. Bond. James Bond.
Não acalento o sonho de ser uma "Bond Girl". Eu prefiro o papel de "M". A chefe.

Quando as pessoas me confrontam: “mas esses filmes não têm história”! Eu de pronto respondo: “quem precisa de história quando o único objetivo é ver o inacreditável Daniel Craig arrasando tudo: carros, prédios, vidros e deixando miseravelmente no chão todos os seus antagonistas”? Sem contar que não importa o tamanho do estrago, ele vai estar sempre com o cabelo com cada fio no lugar e o olhar terá sempre o cinismo na medida.

Eu também não suporto quando as pessoas vêm criticar filmes de ação, com o argumento de que neles há muita “mentira”. Faça-me o favor. Quer cinema verdade, assista documentário.

Para mim o cinema tem função de circo, de ópio. Eu gosto de pensar que terei 120 minutos de pura fantasia e delírio. Eu gosto de sangue, de explosões, de perseguições alucinadas e até de violência, mas desde que fique muito claro que é ficção. Sou uma fã inveterada de filmes passados em tribunais e as tramas que envolvem a Máfia. Se eu fosse artista e me perguntassem – como fazem em muitas entrevistas – “qual seu filme preferido”? Não titubearia: A trilogia de “O Poderoso Chefão”, que aliás é também a preferência do mais novo pop star da política “Barack Obama”.

Antes que você pense que sou uma completa alienada, pode acreditar: não dedico meu tempo apenas às bobagens de Hollywood. Sei apreciar uma boa história, sei valorizar o cinema autoral, os filmes de arte e aqueles que impõem a realidade e reflexão. Mas por favor, não me peçam para gostar de um filme só porque ele foi guiado pelo diretor do momento. Aqueles filmes aos quais os críticos teimam em atribuir toda uma constelação, mas que não passam de uma leitura tão pessoal, que apenas o diretor é capaz de decifrar o que está propondo. Muitas vezes nem sabem. Em “Magnólia”, quando perguntaram ao diretor Paul Thomas Anderson qual o significado da chuva de sapos, ele disse que não havia nenhuma razão especial, ou seja, não era uma analogia, nem tão pouco um recurso estético.

Por exemplo, eu acho que Robert Altman foi um grande diretor. Gosto, particularmente, de Prêt-à-porter, Short Cuts e Gosford Park. Mas alguém poderia me explicar o que significa aquela bizarrice de “Dr. T e as Mulheres”?

Tenho um amigo que é crítico e estudioso de cinema e que teria uma síncope se lesse o que vou dizer, mas eu acho Glauber Rocha um chato.

Sou louca por histórias aparentemente despretensiosas como “Vick Cristina Barcelona”, aliás, como sou fã de quase tudo que Woody Allen fez, principalmente de “Manhatan”. Bato continência para romances como“Antes do Amanhecer” e sua seqüência, “Antes do Por do Sol” e claro, também já vi uma dezena de vezes Julia Roberts bancar a Cinderela contemporânea em “Uma Linda Mulher”. Não resisto ao charme de Hugh Grant em “Nothing Hill” e em “Simplesmente Amor”. Estão na minha lista um filme francês que poucos viram chamado “O Oitavo Dia” e também “O Corte”, de Costa Gavras (e olha que em priscas eras “Z”, do mesmo diretor era o meu filme de cabeceira). Se fizermos uma lista dos filmes da minha vida lá vão estar os argentinos “Valentin” , "Nove Rainhas" e “O Filho da Noiva”. E nã posso esquecer "El Baño del Papa". (vamos prestigiar os uruguaios).

Mas podem estar certos de que vocês não me encontrarão em sessões de filmes que contam odisséias espaciais. Detesto. Mesmo que estejamos falando de “2001”. Não me convidem também para “filmes de guerra”. As exceções são “Círculo de Fogo” e “O Resgate do Soldado Ryan”.

Minha deformação não termina ai. Eu sou daquelas que consomem as séries americanas como LOST e HEROES e que assiste a uma infinidade de episódios repetidos de LAW & ORDER, sempre como se fosse pela primeira vez. Ultimamente minha diversão preferida é assistir a filmes que foram sucesso 10, 15 até 20 anos atrás, e são as principais atrações do AXN ou Universal. Provavelmente eu me inclua no target dos sonhos desses canais. E que fique registrado: "Face Of", de Jonh Woo. "Pulp Fiction" e "Kill Bill", de Quentin Tarantino. "Era uma Vez na América", Sérgio Leone, "Casino" do Scorcese e... esse ranking não teria fim.

É isso. As luzes já vão se apagar. Agarrem sua pipoca, não se esqueçam de desligar pagers e celulares e boa diversão.
"Quantum Of Solace"

4 comentários:

Bailarina disse...

Esse post me lembrou a Alécia, que é capaz de atrasar para sair para o almoço só para ver pela milésima vez a cena da explosão da bomba atômica em não sei qual filme de ação! Rs

Em tempo: que filme francês é esse?
Bjo!

Equilibrista disse...

Bem, digamos que a Alécia é das minhas. Sobre o filme, me refiro a "O Oitavo Dia" com o Daniel Auteil. A sinopse pode indicar um dramalhão, mas é um filme muito bacana: "Um homem com Síndrome de Down cuja mãe morreu e um ocupado homem de negócios, divorciado e sem a posse dos filhos, que não querem mais lhe ver. Os dois acabam desenvolvendo uma amizade especial quando encontram-se acidentalmente." Bjs

Bailarina disse...

Tive que voltar aqui e, me perdoe, o comentário será um texto. Estou variando entre a Cristiana Guerra no seu Para Francisco e o Barthes. Uma tentativa de esvair tanto amor que há no meu coração sem poder ser compartilhado. Acabei de ler no livro da Cristiana um texto que se enquadra perfeitamente no seu post! Lá vai!

Bailarina disse...

Meu 007

Eu queria ver Volver, ele queria ver Cassino Royale. Graças a Deus escolhi a opção dele.Foi o ultimo filme que vimos juntos e o meu primeiro 007. ... Acho que foi no domingo no dia 14 de janeiro. Antes de entrar ele riu de mim. Fomos comprar a tradicional pipoca, e a mulher perguntou: "uma coca de 750ml ou duas de 500ml?" Prontamente eu respondi: "duas de 500ml", com um risinho escondido no canto da boca.Piadinha particular do casal, que sempre protogonizava uma cena divertida : uma coca-cola só, e, quando eu finalmente ia beber, ele já tinha sorvido 80% dela, o que me causava sempre uma irritação. No fim do filme eu tinha sofrido e estava apaixonada." Eu quero esse homem pra mim", disse, brincando, depois de um suspiro. "Vai ter que se contentar comigo", ele respondeu. Mal sabia seu pai que ele era o James Bond dos meus sonhos. Aliás, sabia sim: fez isso de puro charme.No estacionamento, como de costume, dei uma discreta beliscadinha em sua bunda. Como de costume, ele riu satisfeito. A saudade que eu sinto, filho, é dele inteiro. Bom, ainda posso tentar alguma coisa com o Daniel Craig.

*Para Francisco - Cristiana Guerra

Viu como áté o 007 pode virar história de amor? Isso sou em quem diz, ansiosa pelo meu Daniel Craig!