terça-feira, 25 de novembro de 2008

O Marketing e a Filantropia


Há milhões de razões para perder a fé na humanidade. Como seguidora de Pollyanna, a menina sempre feliz, continuo acreditando que tudo vai dar certo, que as pessoas um dia serão boas e que o bem triunfará.

Surpreende-me, cada vez mais, como as práticas para arrancar qualquer dinheiro da gente, vêm sendo aperfeiçoadas pelos “pedintes”.

É impossível você estacionar um carro sem ter alguém que apareça do nada para te ensinar a manobrar o carro e lançar o clássico: “pode olhar, tia”? Há variações. A abordagem pode ser: “pode olhar, dona? Ou...”pode olhar, moça”? Ou pode ser um plus do tipo: “pode olhar, doutora”? A questão é: sempre haverá alguém de qualquer idade ou sexo que quer olhar o seu carro, mesmo que você esteja estacionando em Marte.

Eu defendo a inclusão social. Eu estou do lado daqueles que acham que é preciso distribuir renda, mas caramba! Se você for atender a todos os “pode olhar” e demais pedidos aos quais fica exposta cada vez que anda pela rua ou que para num sinal, pode apostar: logo, logo estará lá, demarcando o seu território e tentando ganhar o seu.

Assim como as práticas de marketing foram se sofisticando para atender uma clientela cada vez mais seletiva e uma concorrência cada vez mais selvagem, no quesito “esmola” (esse termo é muito pesado, eu sei) as abordagens também evoluíram.

Explico. As pessoas agora têm uma história para te envolver emocionalmente. Vez ou outra sou abordada por alguém cuja mãe está no hospital. Por outro que foi roubado e não tem como voltar para casa. Por aquele que a irmã morreu e precisa de uma “urna” (não quero pronunciar aquela palavra que me dá arrepios) para ser sepultada. Há os que apelam pela arte. “Estamos montando um grupo de teatro e precisamos arrecadar dinheiro para o cenário e figurino”... Ou o clássico: “Eu poderia estar roubando, eu poderia estar matando...” Dia desses fui surpreendida por uma situação curiosa.

Estava no meu carro aguardando num Drive Thru quando um garoto de 10/12 anos se aproximou. “Eu poderia falar com a senhora”? “Sim”, eu respondi. Então ele sacou da mochila umas toalhinhas e mandou o seguinte discurso: “A senhora poderia me comprar essas toalhinhas, eu moro ...”sei lá onde” e o dono da casa disse para a minha mãe que se ela não pagar o aluguel até hoje a noite (já era mais de 21h00) ele vai colocar nóis na rua” (sic). Enfim, saquei uma grana entreguei a ele cheia de generosidade e disse: “não quero a toalha, pode ficar com o dinheiro”. Ele disse: “obrigado” e saiu. Um segundo depois ouvi um som de celular. Era o dele. Sacou do bolso um Motorola V3 e saiu falando como um executivo.

Moral da História: quer inclusão tecnológica? Vai vender toalhinhas. O negócio tá bombando.

Um comentário:

Bailarina disse...

Vc está nerviosa así porque também quer um Motorola V3? Já tem melhores, boba! Brincadeira! Sobre esse assunto eu não sei opinar, vou sempre pelo meu coração, e, como sempre, ele também cai em pegadinhas nesses casos! Beijo com saudade!