domingo, 22 de fevereiro de 2009

Carnaval


Vislumbrei esse feriado de carnaval como se fora finados. A solidão parecia ser minha única alternativa, mas foi o cinema o grande responsável por tornar esses dias menos tristes e romper com a predestinação de tédio.

Quando as luzes se apagaram eu visitei a Alemanha nazista e a tentativa de um militar de passar à história como alguém que matou Hitler e assim, atenuar os estragos que suas ações causaram a humanidade. Bem, ele não conseguiu.

Fui conduzida também a São Francisco e apresentada ao ativista gay Harvey Milk que foi às ruas defender igualdade “sem perder a ternura jamais”. Nesse filme há fortes doses de política e erotismo e a magistral interpretação de Sean Penn faz beijos entre pessoas do mesmo sexo ser tão palpitante quanto qualquer cena de amor entre casais hetero.

Estive também às voltas com um conto de fadas indiano em que numa linguagem frenética, um diretor mostra como a pobreza não precisa, necessariamente, conduzir as pessoas ao crime. A miséria pode ser um grande aprendizado, mesmo que permeada pelo trágico.

A solidão pode ensinar muito. Mesmo que ao final do dia, não haja um final feliz. E na impossibilidade de arrumar seus dramas existências, nada como arrumar suas gavetas e descartar roupas que já não servem e sapatos que entopem todos os cantos.

E se o cinema ou a faxina não forem capazes de aliviar toda a sua dor e olhar a casa vazia e enfrentar o silêncio parecer um fardo demasiado, então só há uma alternativa: recorrer ao velho e bom Rivotril. Mas não se esqueça: sempre que possível, com moderação.

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