segunda-feira, 9 de fevereiro de 2009

Números não gostam de mim!


Nunca me relacionei bem com números. Isso explica minha enorme dificuldade em racionalizar as coisas e de agir, quase sempre, conduzida pela emoção. Isso, não é um bom negócio.

As letras sempre foram um território mais seguro para mim. Desde que não estejam incluídos ai, bulas de remédios e manuais de qualquer espécie. Definitivamente o instinto tem sido a minha bússola. E isso, também, não é um bom negócio.

Na escola, a matemática e, depois, todas as matérias que envolviam cálculos ou qualquer raciocínio lógico, sempre foram meu ponto fraco. Todos os anos minha mãe precisava pagar aulas particulares para que eu fosse aprovada. Ter um ótimo desempenho em português, geografia e história não era credencial suficiente, tinha que pagar os pecados tentando compreender aquelas fórmulas cretinas, que em minha opinião, não faziam qualquer sentido para os planos de ser jornalista, advogada ou uma professora da área de humanidades.

Cheguei ao extremo de ter passado no vestibular para um curso de comunicação com uma boa classificação e, em contrapartida, ser reprovada em matemática no terceiro ano. Questão que foi resolvida com uma prova que contou com a extremada ajuda do professor.

Fui uma boa aluna. Fiz a faculdade com esmero e perto de concluí-la, consegui um emprego. Na hora de negociar o salário os números me pegaram pelo pé. A minha noção era tão vaga sobre quanto eu valia, que pedi um salário que era vergonhoso até para um gari (sem, é claro, desmerecer os garis).

E assim foram minhas negociações seguintes. Sempre que precisava usar os números ao meu favor, lá estavam eles trabalhando fortemente contra mim. Nunca consegui chegar nem perto de ganhar na loteria, nunca tive os dias de férias que julgava ideais, as horas do dia sempre foram longas em dias de tédio e rápidas como um raio nos momentos de alegria. Minha conta bancária sempre teimou em ter menos dinheiro do que a minha vontade incontrolável de gastar mais, eu sempre tive mais sapatos, que juízo e as roupas pelas quais me apaixono, só estão disponíveis várias numerações abaixo do meu tamanho.

Os números são cruéis comigo quando o assunto é peso. Nesse caso, sempre ascendente. Nos últimos tempos, além da luta contra o ponteiro da balança que insiste em marcar um número totalmente desleal, estou às voltas com outros números, dessa vez de grande complexidade para a minha saúde.

Tenho um problema renal crônico. Fui apresentada a ele em 1990. Desde então faço um acompanhamento para avaliar minha função. Nos últimos anos meus rins resolveram me sabotar, ou eu a eles – não sei bem quem está na dianteira nessa disputa – de tal forma que a cada exame a função que devia ser alta é baixa e as malditas taxas de creatina e uréia não param de subir. O resultado dessa equação é uma palavra que nunca gostei muito de pronunciar: hemodiálise.

Se eu tenho função renal de menos, podem apostar que tenho esperança de sobra. E acho que está na hora dos números serem mais gentis comigo. Aceito a generosidade dos amigos – que sempre foi uma conta positiva na minha vida – e suas preciosas cotas de boas energias e vibrações. Nessa parada, não quero ser reprovada, no máximo aceito ficar para recuperação.

4 comentários:

Bailarina disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Bailarina disse...

Se depender da minha avaliação, você está aprovada com louvor! Espero que nessa nova fase da sua vida você a enfrente com a criatividade e encantamento com que escreveu esse texto. Não vai sobrar pros maus resultados! Te amo!

9 de Fevereiro de 2009 17:17

Solange disse...

Você sabe que pode contar comigo em tudo que precisar.
Na conta bancária estou disposta para administra-la quando você quiser.
Na quantidade de sapatos posso puxar o "freio de mão" quando estivermos juntas.
E com os números dos resultados dos exames eu estarei sempre do seu lado, segurando sua mão. No que depender de mim você jamais sofrerá.
Beijo carinhoso

Anônimo disse...

Eu leio tudo e viajo nos sorrisos vários que já presenciei, algumas gargalhadas, comentários dos galãs de Hollywood dos sonhos mais infantis, dos papos com hora marcada... os números são amigos sim... às dezenas, centenas, quantos mais forem adicionados, os números darão dimensão das pessoas que te querem bem, de quantos estão torcendo pela nova rota, de quantos mais risos terão perto de você, rindo pra vc, rindo com vc...
Falácias! Os números dão peso ao multiplicarem os momentos! Do seu lado estou... contando...